segunda-feira

Lealdade.


Não lhes disse talvez estas palavras, mas foi isto o que eu quis dizer. No sumário, pus assim: "Conversa amena com os rapazes". E pedi, mais que tudo, uma coisa que eu costumo pedir aos meus alunos: lealdade. Lealdade para comigo e lealdade de cada um para cada outro. Lealdade que não se limita a não enganar o professor ou o companheiro: lealdade activa, que nos leva por exemplo, a contar abertamente os nossos pontos fracos ou a rir só quando temos vontade (e então rir mesmo, porque não é lealdade deixar então de rir) ou a não ajudar falsamente o companheiro.

Não sou junto de vós mais do que um camarada um bocadinho mais velho. Sei coisas que vocês não sabem, do mesmo modo que vocês sabem coisas que eu não sei ou já esqueci. Estou aqui para ensinar umas e aprender outras. Ensinar, não, falar delas. Aqui e no pátio e na rua e no vapor e no comboio, e no jardim e onde quer que nos encontremos.

Não acabei sem lhes fazer notar que "a aula é nossa". Que a todos cabe o direito de falar, desde que fale um de cada vez e não corte a palavra ao que está com ela.



Sebastião da Gama, "Que vivam felizes " in Boletim Cultural Na Rota das Palavras, 3, VII série, Dezembro, Fundação Calouste Gulbenkian, 1990, pág. 33

2 comentários:

Anónimo disse...

La complicidad con los alumnos es fundamental. Sin ella, supongo que debe ser difícil transmitir cualquier tipo de enseñamiento. Tuve profesores que parecían robots: no aprendí nada en sus clases.

Alexandra disse...

Prefiro e faço sempre questão em recordar os bons: os bons momentos de aprendizagem com os bons professores. Tudo o resto vai-se reduzindo à sua insignificância e de tal forma acontece que, agora, só tenho boas recordações da escola.
Talvez por isso mesmo consiga transmitir optimismo aos meus alunos e, o mais possível, às pessoas com quem lido no meu dia-a-dia.