quinta-feira

Ecos

Leitura concluída, cresce o prurido em mim, livro por viver, vida por escrever, talvez uma criança.
Que amor será este, que usa o poder da sedução, mas tão cego e surdo que (se) desespera ?
Li que as cenas entre elas excitam mais as mulheres que os homens, mas que elas têm mais dificuldade em exprimir a explosão que sentem ao morder esse pedaço sumarento de laranja. A culpa será de alguém.  Dizes tu. Sempre me vi, ouvi e achei diferente, "do outro mundo", como me disse ainda ontem um miúdo a quem pensava que ensinava alguma coisa. Será talvez minha, a culpa. Digo eu.
Por estas e outras, porque há muitas perguntas por responder, um ano vai começar e eu não morrerei, - acredito que nem tu - , para além do pouquinho que todos perdemos todos os dias. E não há caderninho, nem boas intenções, nem poupanças, nem cursos que queira fazer, mas sei que, enquanto o desejar, haverá quem moa, quem ame.
Um personagem - o teu herói, prisioneiro de uma vida inteira de champanhe e marisco - terá tudo: um barco, dinheiro, a ilusão das opções, viagens na chaise-longue, e continuará a ser visitado como lenda que é. Enquanto o desejar.
O outro personagem não se atirará do rochedo, mas deter-se-á pelo tempo necessário no alto do promontório olhando ao longe o azul mediterrâneo. Chegado o momento, voltará costas ao mar que o viu nascer, descerá pelo carreiro oculto na encosta, atravessará a quase ilha até ao extremo oposto e deitar-se-á nu naquela praia nova, onde a amiga repousa com o céu no olhar e um décimo da espécie humana dentro de si.
Livro do mês: Odisseia.

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